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Construção civil se retrai em 2017 e segura recuperação da economia

A construção civil ainda está em retração em 2017 e seu desempenho segura a recuperação da economia brasileira. Um levantamento do Sinicon (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada) em parceria com a LCA Consultores mostra que a construção é o componente do PIB (Produto Interno Bruto) com a queda mais intensa entre todos os setores em 2017.



No 1º semestre, o PIB da construção caiu 6,6%, frente ao 1º semestre de 2016, puxando para baixo o resultado geral da indústria (-1,6%) e do PIB total, que acumulou variação zero nessa base de comparação.



Os dados mostram que a construção caiu mais do que a média da economia nos últimos 3 anos e tem sentido a crise de forma mais profunda. Desde o 2º trimestre de 2013, a queda acumulada é de 14,3%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), enquanto que o PIB total recuou 5,5% nos últimos 4 anos. Neste período, quase 1 milhão dos 2,7 milhões de vagas formais que deixaram de existir no país foram na construção.



No segundo semestre, o emprego no setor ensaia uma leve recuperação e teve a segunda alta mensal em agosto, com a criação de 1.017 novos postos de trabalho com carteira assinada no mês. No acumulado do ano, a construção civil fechou 30.330 vagas, de acordo com dados do Ministério do Trabalho.



“A economia brasileira está melhorando, mas a construção que é um setor que tem um impacto enorme não está. O PIB da construção já caiu 3 anos seguidos e continua caindo”, resume Petrônio Lerche Vieira, diretor-executivo do Sinicon.

O economista do Ibre/FGV, Júlio Mereb, projeta que a construção civil fechará 2017 com queda de 5,7% ante uma alta de 0,8% do PIB do Brasil.



“Realmente, esse deve ser o último setor da indústria a se recuperar e o desempenho ruim da construção é um dos principais fatores a ainda frear a recuperação do investimento no curto prazo”, afirma.



Além de ser um setor intensivo em mão de obra, a retomada mais lenta da construção civil preocupa porque ela responde por cerca de 50% dos investimentos da economia. No 2º trimestre, a taxa de investimentos no país foi de 15,5%, segundo o IBGE, a menor para o segundo trimestre da série histórica iniciada em 1996.



O fraco desempenho da construção civil nos últimos anos é reflexo do encolhimento das construtoras envolvidas na operação Lava-Jato, da forte queda nos investimentos públicos e do esfriamento do mercado imobiliário, além da própria crise econômica.



Ao todo, há 2,21 milhões de pessoas trabalhando em vagas com carteira assinada na construção, um número ainda muito aquém dos 3,21 milhões registrados em agosto de 2013.



“A mão de obra do setor foi dizimada. Enquanto a economia perdeu 5% dos empregos com carteira, a construção perdeu 35%. É um número estupidamente maior”, afirma Petrônio Lerche Vieira, diretor-executivo do Sinicon.



Na esquina das ruas Barão de Itapetininga e Dom José de Barros, no Centro de São Paulo, desempregados da construção civil se reúnem diariamente à procura de uma oferta de trabalho. No local, as histórias se repetem.



São pedreiros, marceneiros e ajudantes gerais que afirmam já ter trabalhado em grandes canteiros de obras e que atualmente sofrem para encontrar “bicos”.





Obras paradas



A crise fiscal levou o governo federal e os estados e municípios a colocar o pé no freio nos investimentos. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) também emprestou menos. Os desembolsos do banco para projetos de infraestrutura diminuíram pela metade, de R$ 38,8 bilhões em 2015 para R$ 19,5 bilhões em 2016.



As grandes construtoras brasileiras enfrentam uma grave crise econômica. Grupos como Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez encolheram de 2014 para cá. E outras construtoras que vinham em expansão, como UTC e Galvão Engenharia, pediram recuperação judicial.



Há mais de 8,2 mil obras paralisadas em todo o Brasil, segundo um estudo de setembro da CNM (Confederação Nacional de Municípios). Outras 11,2 mil deveriam estar em andamento, mas não foram sequer iniciadas por atraso no repasse de recursos previstos no orçamento da União.





Imóveis encalhados



Além das obras de infraestrutura, o mercado imobiliário é outro segmento da construção civil que ainda sofre com a crise. O número de imóveis novos ofertados no país começou a cair em 2017. O estoque, no entanto, continua elevado e acima da média.



Levantamento da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) mostra que a oferta total média disponível em 2017 está em 119.823 unidades, ante 116.308 em 2016.





Recuperação em 2018



Se por um lado o setor de construção civil tende a se recuperar de maneira mais lenta do que o restante da economia, aumenta o otimismo em relação a 2018. O índice de confiança da construção acumula 4 meses seguidos de alta e já recuperou o patamar de 2015, segundo a FGV.

 

Informações e foto: Agência Brasil

Edição: Rubem Pires Junior – MTb 9310

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