Passava das 13h deste sábado, 6 de setembro, o Parque Centenário em Montenegro começava a ser rodeado de ônibus de todos os cantos da Diocese de Montenegro. Era o povo das 30 paróquias que chegavam para a concentração que antecedeu a grande peregrinação, o evento alto do Jubileu da Esperança na Diocese. A data foi escolhida por também marcar os 17 anos de criação da Diocese de Montenegro.
Jéssica Oliveira, da Paróquia Santo Antônio de Vendinha, em Montenegro, mal conseguia segurar a euforia dos filhos e do sobrinho. “Viemos com toda a família, umas dez pessoas. Os mais velhos ficaram na Catedral, aguardando a missa. Somos da Pastoral dos Coroinhas e da Pastoral Social. Participamos do Jubileu das Pastorais Sociais e não poderíamos perder esta peregrinação”, contou.
Como bem lembrou Jéssica, esta não foi a primeira celebração alusiva ao Ano Santo na Diocese. No entanto, esta peregrinação foi pensada para realmente movimentar toda a Diocese, de paróquias a pequenas comunidades, de movimentos a pastorais. E, além do aniversário da Diocese, este também foi o Jubileu dos Jovens. Eram eles que animavam do alto de um caminhão de som as pessoas que chegavam. A turma de amigas do CLJ de São Pedro da Serra atendeu o chamado da gurizada do caminhão e caprichou nas danças, muito bem coreografadas. Milena Alflen, Lara Roocks, Gabriela Schneider, Eduarda Simon e Laura Bender, todas com 12 anos, curtiam o aquecimento, mal se conseguia falar com elas. “Não ensaiamos nada, vamos imitando a coreografia e vai saindo”, disse Eduarda.
A concentração no Parque Centenário de Montenegro também era marcada por reencontros. Reunindo todo o clero diocesano, eram muitas as senhoras, casais, jovens e até crianças que abraçavam e matavam a saudade daquele padre querido que passou por sua comunidade. Só quem não estava no meio da agitação era Janice da Silva e sua família, com marido e filhos, uma menina de sete e outros dois garotos, um de 18 e outro de 12. É que Gustavo, de 12, está com o pé quebrado. “Eu caí e quebrei, mas vamos participar da peregrinação”, disse, enquanto descansava e segurava as muletas. A mãe conta que o filho está na catequese na Paróquia Catedral São João Batista. Para ela, é muito especial participar deste momento em família.
Mais de 3 mil pessoas na caminhada
Pontualmente às 15h, do alto do carro de som, o padre Jonas Gomes, coordenador Diocesano de Pastoral, pediu que o povo abrisse espaço para benção do bispo diocesano, D. Carlos Romulo. Com o clero perfilado e diante da cruz e da imagem peregrina de São João Batista, o bispo proferiu a bênção e iniciou a peregrinação. Foi só quando o povo começou a se movimentar que se teve a ideia do mar de gente. As estimativas dos organizadores é de que mais de 3 mil pessoas tenham participado dos pouco mais de dois quilômetros de caminhada.
Do Parque Centenário, cantando e rezando, os peregrinos atravessaram o centro de Montenegro até chegarem na Catedral Diocesana. Dona Olívia Steffler, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, de Teutônia, do alto de seus 64 anos, esbanjava uma alegria e vitalidade juvenil. “Isto aqui é muito bonito! Todo católico tem que demonstrar sua fé e estamos fazendo isso aqui. O Papa Francisco não nos chamou para um Ano Santo? Temos que participar, fazer isso aqui mesmo”, disse, enquanto caminhava.
Passava pouco das 16h quando a peregrinação alcançava a última quadra antes de chegar a Catedral, a ladeira da rua Olavo Bilac. Mas, o povo não manifestava o cansaço. Além do mais, ali já se ouvia a banda Banda Sinais, vinda do município de Portão para animar este dia.
“Nós também éramos uma multidão”, destaca D. Carlos
A missa solene foi presidida pelo bispo diocesano, Dom Carlos Romulo, e concelebrada por todo o clero e o bispo emérito, Dom Paulo De Conto. Em sua homilia, ao comentar o Evangelho deste domingo (Lc. 14,25-33), Dom Carlos lembrou que a primeira imagem da narrativa é da multidão que acompanhava Jesus. “Nós também éramos uma multidão nesta tarde de sábado, cruzando a cidade e anunciando a Boa Nova”, comparou.
O bispo ainda lembrou que seguir Jesus é amar mais e melhor para que possamos melhor fazer a evangelização e experienciarmos uma vida em comunidade. “O Papa Francisco nos deixou o lema ‘a esperança não nos decepciona’ e é por isso que colocamos a esperança em Nosso Senhor”, pontuou. D. Carlos, também ao lembrar que a Diocese vivencia o Jubileu dos Jovens, destacou que o Papa Leão XIV canonizará amanhã dois jovens: Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati, tornando-os os primeiros santos do seu pontificado dois jovens que viveram intensamente o Segmento de Cristo. Para D. Carlos, sinais claros de renovação de esperanças.
Mais do que uma mensagem aos jovens, a canonização de amanhã é prova de que os jovens vivem a sua fé como comunidade de fé na Igreja. Na peregrinação da Diocese de Montenegro, eles estavam no carro de som, na comissão organizadora, no ministério da música, registrando cada momento na Pastoral da Comunicação e também na equipe de Liturgia. O jovem Pedro Elias Morale Scotá, com só 13 anos, subiu ao ambão para ler as preces com a segurança de um veterano. “Eu, sempre que posso, participo da Liturgia na minha comunidade, em São Pedro da Serra. É bom participar, fazer as coisas certas e ajudar a comunidade”, disse.
Pedro, talvez o mais jovem que subiu no presbitério da Catedral São João Batista na missa solene deste sábado, é um sinal. Um sinal de esperança, da fé que se renova em cada jovem que é chamado a assumir seu lugar na comunidade de fé, no seguimento de Cristo. E sendo eles mesmos. Assim que a missa encerrou, o CLJ formou um corredor que levou todos para frente da Catedral para, com esta alegria juvenil que contagiava todo mundo, curtir o show musical que foi até por volta das 18h30min. O dia encerrou com a benção de envio de D. Carlos, mas que também foi um convite a seguirmos como peregrinos de esperanças, como jovens que sonham e acreditam no amanhã.
Fonte e fotos: Diocese