Bom Princípio foi pioneiro na região a oferecer cursos profissionalizantes para adolescentes por meio do programa Jovem Aprendiz, do Senai. Implantado no ano de 2012, a iniciativa é resultado de uma parceria entre o Senai Lindolfo Collor, de São Leopoldo, e a Associação Comercial e Industrial de Bom Princípio (ACI), com apoio da Prefeitura.
No início, em 2012, as aulas ocorreram na sala da ACI, no térreo do Centro de Eventos. Já em 2013 foram estruturadas uma sala de aula e uma sala de informática no térreo da Sociedade Santa Cecília, onde a Prefeitura paga aluguel. Também desde o início as aulas são ministradas pela instrutora Débora Fogaça Pedrozo. Ao longo destes anos todos, algumas centenas de alunos já se formaram nos cursos de Assistente Administrativo e Logística, que têm 800 horas/aula, ou seja, cerca de dois anos de duração.
"Sinto especial alegria e empolgação pela formação e experiências proporcionadas a centenas de jovens do nosso município pela parceria da ACI, Prefeitura e Senai. São sentimentos muito difíceis de descrever, pois dizem respeito ao desenvolvimento de seres humanos, de seus talentos e da construção de perspectivas de vida melhores para esses adolescentes, enaltece Sirlei John.
A primeira reunião para trazer o Jovem Aprendiz para Bom Princípio foi realizada na sala da ACI em 2011, entre a então presidente da ACI, Sirlei John, e a ex-diretora do Senai de São Leopoldo, Suzana Sartori. "Já naquele primeiro contato percebi que seria possível trazer a formação para Bom Princípio. Ficou acertado que o município teria que arcar com a estrutura para a realização do curso e as inscrições dos jovens interessados em participar do programa", recorda a hoje responsável pela coordenação dos cursos promovidos pela entidade.
"No momento seguinte mobilizamos e reunimos as indústrias enquadradas na legislação do Menor Aprendiz do governo e conseguimos resolver um sério problema, pois as empresas não estavam conseguindo cumprir esta lei e algumas já prestes a serem até mesmo multadas. Formamos duas turmas, com cerca de 25 alunos cada uma, e teve início uma formação que deu um diferencial a esses jovens, muitos deles hoje cursando ou já formados em universidades e ocupando funções diferenciadas no mercado de trabalho", segue dizendo a ex-presidente da ACI.
Apoio ao projeto
Responsável pelo setor de Recursos Humanos da Madesa, Carlos Boeni observa que a empresa aposta muito no projeto do Jovem Aprendiz. “Sabemos que, além de qualificar os jovens e os preparar profissionalmente, os torna cidadãos mais conscientes. Desde cedo aprendem sobre as responsabilidades, os desafios e as oportunidades que os esperam no mundo do trabalho”, acrescenta ele.
Carlos reitera que a empresa acredita nesta parceria onde todos ganham: o Senai, cumprindo o seu papel educacional, o aprendiz, obtendo uma qualificação que lhe abre muitas possibilidades, e a empresa, que recebe novos colaboradores com energia e muita vontade de aprender e se desenvolver como pessoa e como profissional.
“Ao longo desses anos de parceria, acabamos efetivando grande parte dos aprendizes. Hoje estão trabalhando em diversas áreas da empresa, colocando em prática os conhecimentos adquiridos no curso e ajudando no crescimento da Madesa”, ressalta Carlos.
Ensinamentos importantes para toda a vida
O Programa Jovem Aprendiz significou um divisor entre a juventude e a vida adulta para Éverson Augusto Schoffen, 25 anos, sendo o primeiro passo para a entrada no mercado de trabalho. Conforme conta, os pais souberam do início do curso e o incentivaram a se inscrever. “Entramos em contato com a ACI, que me encaminhou para uma empresa", recorda o jovem universitário.
Conforme ressalta Everson, ele leva diversos ensinamentos que aprendeu nos dois anos de curso para o seu dia a dia. “As noções básicas de administração e de Excel são exemplos mas, principalmente, as questões éticas e de comportamento no ambiente de trabalho”, enaltece.
Estudante de Arquitetura e Urbanismo na Unisinos e atuando no escritório JN Arquitetura, em Bom Princípio, Éverson aponta que a escolha profissional não teve influência do curso, porém, ele acabou despertando o interesse de seguir estudando e buscar uma qualificação profissional na área que escolheu.
“O tempo de curso valeu muito a pena. Aprendemos lições importantes, que levarei para toda a minha vida, tanto profissional como pessoal. Agradeço à ACI, à Prefeitura e ao Senai por proporcionarem esta oportunidade aos jovens de Bom Princípio”, reforça Everson. “Indico o curso para todo o adolescente que puder aproveitar essa oportunidade. Ele proporciona muito conhecimento, que será usado em toda a vida profissional, além de abrir as primeiras portas para o mercado de trabalho”, conclui.
Experiências profissionais e pessoais
Formada em Gestão Comercial, Gabriele Henz Fontanari, 23 anos, destaca que o Jovem Aprendiz do Senai significou muito em sua vida, pois foi sua entrada no mercado de trabalho, tendo a oportunidade de estar trabalhando e aprendendo ao mesmo tempo. “Além dos ensinamentos teóricos da administração, aprendemos a ter comprometimento, ser pontuais e éticos”, diz.
A jovem revela que a vontade de participar do curso surgiu dela mesma, tendo grande apoio dos pais. “Como participei da primeira turma, era tudo muito novo. Foram dois anos de muitos aprendizados onde, além de ter uma experiência profissional, tivemos várias outras experiências, como aprender a se colocar no lugar do outro e até visitar um orfanato”, lembra Gabriele.
Ao falar se indicaria o curso para outros adolescentes, ela confirma que sim. “Com toda a certeza sim, pois é a melhor forma de entrar no mercado de trabalho. Ali se aprende o teórico e se coloca em prática no mesmo lugar, tendo ainda a chance de ser efetivado na empresa”, ressalta. “O curso ajudou a indicar caminhos, e ali despertou o interesse de trabalhar diretamente com pessoas. Atualmente trabalho no Schoffen Seguros e também ajudo minha mãe nas vendas da Tupperware”, complementa a jovem.
Aprendizados para enfrentar o mercado de trabalho
Morando atualmente na Austrália, o bom-principiense Luis Lorandi, 20 anos, acredita que o Jovem Aprendiz é uma escola para a vida e para o trabalho. Conforme aponta o jovem, no curso o estudante acaba tendo a oportunidade de tomar conhecimento de rotinas e métodos de uma empresa, mesmo sendo ainda muito jovem.
“Eu fiz o curso de Auxiliar Administrativo, e isso me abriu portas no mercado de trabalho que, talvez com a pouca idade que eu tinha na época, demoraria muito mais para abrir”, relembra. Conforme recorda Luis, a entrada no curso ocorreu porque ele sempre demonstrou interesse nessa atividade. “Eu sempre tive vontade de fazer o curso, e minha mãe sempre me apoiou nas minhas escolhas. Então, quando vi que as vagas foram reabertas, fui até a ACI para realizar minha inscrição”, recorda.
Os ensinamentos adquiridos nos dois anos de curso também foram muito importantes para Luis, que cita utilizá-los ainda no seu dia a dia. “Acredito que no meu dia a dia utilizo a calma que aprendi ser necessária para a realização das tarefas e, principalmente, que não devemos pular as etapas essenciais para que lá na frente não ocorra nenhum problema, e assim possamos obter o resultado esperado”, explica.
“Valeu muito a pena e, se fosse possível, faria novamente. Sempre que tenho a oportunidade, eu indico para os jovens, porque é uma oportunidade única de aprendizado. O Jovem Aprendiz nos dá oportunidade de, mesmo você sendo muito jovem, de aprender como é a rotina diária de uma empresa e sair melhor preparado para enfrentar o mercado de trabalho tão competitivo como vivemos nos dias de hoje”, considera Luis.
Crescimento nas relações interpessoais
A contato comercial do jornal Primeira Hora, Stéfani Dahmer, 21 anos, ingressou no Jovem Aprendiz aos 15 anos de idade, em 2014. Ela ressalta que ter tido a oportunidade de participar do Senai e fazer o curso de Assistente Administrativo foi o melhor passo que ela deu na vida, para iniciar a carreira de trabalho. “Através do curso, consegui crescer muito, tanto na minha vida pessoal como profissional. Os conhecimentos que eu aprendi no curso vou poder aproveitar em qualquer área que for atuar”, comenta.
Stéfani revela que estava prestes a desistir do curso para trabalhar em uma empresa do município, mas a decisão de continuar acabou sendo muito benéfica para ela. “Na época, trabalhava em uma fábrica e já ganhava o meu salário, então, não queria trocar, sair do meu emprego para fazer Senai e ganhar menos. Porém, pensei muito, e com o incentivo da Sirlei John e da minha mãe, mudei de ideia aos 45 minutos do segundo tempo. Naquele momento pensei no meu futuro, no que o curso poderia me proporcionar a longo prazo”, recorda. “Todas as experiências que eu tive foram importantes para meu crescimento. Cada uma de forma diferente, tanto no Senai como na fábrica”, complementa.
São inúmeros os ensinamentos que Stéfani diz aproveitar no seu dia a dia. "De modo especial, como se portar diante dos clientes, como tratar as pessoas, tanto no meu trabalho como no dia a dia em casa, faculdade e no meu lazer”. “Um dos princípios básicos que aprendemos no curso é que sempre devemos fazer tudo com amor e prezar pela ética, e isso procuro colocar em prática no meu dia a dia. Problemas todos vão ter, mas a partir do momento que você vai atender ou conversar com uma pessoa, ela não precisa saber disso. Você sempre precisa dar o seu melhor, pois o resto é consequência, e o sucesso vem junto”, considera.
Na avaliação de Stéfani Dahmer, foram dois anos de muito conhecimento, onde também teve a oportunidade de fazer novas amizades. “Hoje, já estou colhendo os frutos, e sei que ainda vou ter muitas consequências positivas por causa do Senai. É um projeto que nenhum município da região proporciona, e nós, de Bom Princípio, somos privilegiados por ter essa oportunidade”, enaltece.
“Eu indico e sempre vou indicar, com muito orgulho. Este projeto abre muitas portas. Às vezes não são de imediato, mas com certeza algum fruto positivo todos vão colher. Tudo o que envolve conhecimento vai agregar, e o Senai é uma forma de ter o conhecimento e ainda dá a possibilidade de ter a carteira assinada por alguma empresa da nossa região. É uma porta de entrada para o mercado de trabalho”, conclui.
Irmãos trilham caminhos voltados ao conhecimento
A família Mossmann Müller, do Mambuí, tem grande ligação com o Jovem Aprendiz do Senai. Incentivados pelos pais, Sadi e Roseli, os três filhos viram uma grande oportunidade de crescimento ao se inscreverem nos cursos oferecidos. Tudo começou com o filho mais velho, Arlan, 19 anos, que em 2016 fez o curso de Assistente Administrativo. Com atuação no setor de e-commerce da Madesa Móveis, Arlan conta que foi cotista na empresa durante os dois anos de curso, e após, foi efetivado.
Na avaliação dele, o curso significou o início de uma longa caminhada, pois com os conhecimentos adquiridos, ele consegue ter mais facilidade em resolver os desafios do dia a dia. “O Jovem Aprendiz, com certeza, é uma conquista para a vida toda. Me ajudou bastante, pois com essa base eu tive uma oportunidade de crescimento na empresa”, reconhece.
A entrada no curso se deu pela curiosidade despertada por tal formação e por influência de alguns amigos que já estavam cursando e acabaram indicando. “Na época, meus pais sugeriram a ideia, mas eu realmente estava disposto a fazer. São vários os ensinamentos que levo deste curso. Mas, principalmente, os conceitos básicos de postura profissional e ética, além de conhecimentos envolvendo a área administrativa, que me são muito úteis na profissão e no dia a dia”, enfatiza.
Além de todos os aprendizados, Arlan destaca que os dois anos de curso o fizeram evoluir tanto pessoal como profissionalmente. “Essa experiência me trouxe um conhecimento inexplicável e que me ajudou muito para chegar onde estou hoje. Eu indico muito o curso, tanto que indiquei ele para os meus dois irmãos. O Jovem Aprendiz abre muitas portas para o futuro. Você sai totalmente diferente e tendo uma outra visão sobre o mercado de trabalho. Eu diria que é como uma base para a carreira profissional”, aponta.
Irmão seguiu exemplo
O irmão do meio, Marlon, 18 anos, também destaca as qualidades e benefícios que o conhecimento do Jovem Aprendiz lhe proporcionaram. Com atuação no setor comercial da Madesa Móveis, ele revela que o curso ajudou muito, tanto que foi o Senai o responsável pela entrada na empresa. “Fiz o curso de Logística e isso significou um início de uma grande caminhada. Várias portas se abriram após a iniciação, assim como representou uma aquisição de conhecimento inimaginável”, elogia.
Com a indicação e influência do irmão mais velho, assim como um auxílio da empresa que o pai trabalhava na época, Marlon decidiu que iria fazer o Jovem Aprendiz. “Eu realmente quis fazer. Nesses dois anos, aprendi diversos conhecimentos, dentre eles, saber se portar diante do trabalho e a autoconfiança. Consigo desenvolver ideias muito melhor e dominar vários meios operacionais aprendidos no curso”, diz.
Marlon revela que valeu a pena viver tudo isso. “O conhecimento adquirido no curso é inimaginável. O que crescemos, tanto profissional como pessoal no curso, ninguém consegue tirar. Eu indico para outros jovens, pois o curso é voltado a desenvolver profissionais melhores. É o primeiro passo para uma carreira de sucesso, assim como abrirão várias portas para um futuro cargo melhor”, afirma.
Caçula no mesmo caminho
Agora, quem começa a trilhar os caminhos e aproveitar todos os benefícios do Jovem Aprendiz do Senai é o irmão mais novo, Luan, de 15 anos. Apesar de ainda estar começando o curso, Luan cita que ele está sendo bem interessante. “Vale a pena, pois acredito que vai abrir várias portas para um trabalho no futuro. Já aprendi os deveres de um profissional de administração, tipos de comunicação, documentos (ata, atestado, aviso, contrato) e os cinco sensos”, destaca.
A mãe, Roseli, também valoriza e enaltece tudo o que os filhos conseguiram conquistar durante e após a conclusão do curso. “Eu gostaria de agradecer muito ao Senai e à Sirlei John por tudo que fizeram e ainda fazem pelos nossos três filhos e todos os outros jovens”, destaca.