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Perdas e ganhos


Talvez se compreendêssemos mais a vida como ela é, seria mais fácil aceitarmos as perdas que fazem parte dela. Seria bom se tivéssemos somente ganhos, mas sabemos que isso é impossível.

 

Ao longo da vida, tomamos posse de algumas coisas e pessoas. Assim, quando temos ganhos, vamos acumulando bens materiais e afetos, que nos preenchem e completam como seres humanos. Então, usamos termos, como “minha esposa”, “meu filho”, “meu carro”, “minha casa”, etc, como se fôssemos enchendo um cesto com nossos bens mais preciosos. Alguns bens ocupam mais espaço e peso nesse “cesto”; eles são as pessoas que queremos bem, especialmente os nossos familiares.

 

O que muitas vezes fica difícil aceitar é que a vida usa a lógica de que não podemos somente acumular, encher o cesto, pois não haveria mais espaço suficiente, nem forças para carregá-lo devido ao peso e volume. A vida é um movimento constante e em alguns momentos, em vez de somente ganhar, também nosso cesto pode ficar um pouco vazio.

 

Existem pessoas que não querem fazer mais parte da nossa vida e serão felizes estando em outros cestos, enquanto nós poderemos ter ganhos tão bons ou melhores. E há também aquelas que não podem mais estar conosco e que partem contra a própria vontade, como no caso de algum amigo que vai embora para algum local distante ou pessoas significativas que, por qualquer motivo, deixam de fazer parte da nossa convivência, fazendo com que sintamos uma falta imensa e um vazio muito grande.



Se falamos de morte, fica impossível mensurar o tamanho da dor, angústia e sofrimento pela perda, mas precisamos aceitar que, cedo ou tarde, chegará o momento de deixarmos aquela pessoa querida seguir sua jornada com tranquilidade, seja por alguma fatalidade, ter alcançado o fim do ciclo natural de vida ou o término do cumprimento de alguma missão, independentemente da idade que a mesma tinha quando partiu.

 

Não podemos tomar posse das pessoas, impedindo que elas sigam seu caminho em paz. Também não será positivo vivermos sofrendo pelos bens preciosos que se foram e vivermos pensando como seriam as coisas se tivéssemos eles ainda perto de nós. Precisamos cuidar mais dos ganhos que temos atualmente e aprender a valorizá-los mais enquanto estão perto. E, em relação aos bens que não temos mais próximos de nós, podemos sempre lembrar que, estando ou não conosco fisicamente neste momento, sempre vão estar em nosso coração, pois, como afirma a Banda Roupa Nova, na bela canção “A viagem”, “todo amor é infinito”.



 



Colaboração: Giovane dos Santos – Psicólogo


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