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Rafael Zimmer fala de sua experiência no Catar

Desde agosto de 2018 morando em Doha, capital do Catar, quando iniciou seus estudos em Relações Internacionais, Rafael Zimmer, 22 anos, está em visita a sua terra natal, Arroio das Pedras, Bom Princípio. Ele está aproveitando suas primeiras “férias de verão” da universidade norte-americana Georgetown University in Qatar, onde estuda. Conhecido nacionalmente, no ano passado, por ter sido aprovado em mais de 20 universidades do exterior, abaixo, Rafael conta um pouco da sua experiência no país do Golfo Pérsico, no Oriente Médio.

 

Acompanhe entrevista com Rafael:

 

Guia online Lince Empresas: Como foi sua adaptação no Catar e aos estudos?

 

Estudante Rafael Zimmer: Minha adaptação no Catar foi bem rápida, porque eu já tenho um perfil voltado para isso. Eu acredito que eu me adaptaria rápido em qualquer país do mundo. Com relação aos estudos, eu acredito que a adaptação foi rápida também. O sistema americano exige bastante do estudante, ainda mais em universidades conceituadas, então eu me esforcei bastante para poder me adaptar logo.

 

Lince Empresas: Como é a rotina dos estudantes?

 

Rafael Zimmer: Eu acordo por volta das 7 da manhã e tenho aula das 8 ou 8h30 até as 16h30 ou 17h. Muitos estudantes acabam ficando na universidade até de madrugada, fazendo trabalhos e pesquisas.

 

Lince Empresas: Além de estudar, o que mais fazem?

 

Rafael Zimmer: Depende do estudante, pois tem muitas opções. Existem vários clubes e sociedades dentro da universidade. Além disso, a universidade organiza eventos todas as semanas, às vezes tem eventos todos os dias, como, por exemplo, debates públicos com autoridades, palestras com especialistas e até discussões privadas com líderes políticos que buscam a ajuda da universidade e dos estudantes.

 

Lince Empresas: Como é a convivência dos estudantes, considerando que vem de países e culturas diversas? Faz ideia de quantas nacionalidades estão reunidas na universidade?

 

Rafael Zimmer: Só a minha turma tem 32 nacionalidades; se for contar todas as turmas, passa de 50. A convivência é muito boa, tem pessoas de todos os cantos. Todos acabam aprendendo a conviver, respeitando a cultura alheia. Eu tenho amigos de todas as partes. Tem muita gente que acha que é difícil ter amigos muçulmanos, por causa da religião; que é difícil ter amigos chineses, japoneses e coreanos, porque são muito individualistas; ou que é difícil de fazer amizades com pessoas do leste ou norte europeu, porque são muito frios. Isso tudo é mito. Um dos meus melhores amigos lá é muçulmano; meu amigo chinês me ajudou muito, em várias provas e trabalhos; e meu amigo do leste europeu sempre esteve comigo quando eu precisei. Eu aprendi que é errado generalizar pessoas por sua nacionalidade.

 

Lince Empresas: Como é a estrutura da universidade, para estudo, alojamento, alimentação, etc?

 

Rafael Zimmer: A estrutura financiada pela Qatar Foundation é provavelmente uma das melhores do mundo. Eles têm muito dinheiro investido lá. O alojamento é muito bom; todos os estudantes têm uma suíte privada completa. A universidade é grande e tem uma estrutura muito boa também. Acho que só vendo para entender. A alimentação varia muito com o gosto do estudante. Temos comida de todos os lugares e até churrascaria brasileira em Doha. Eu como bastante comida libanesa, porque eu gosto muito. Temos um café francês e um restaurante internacional dentro da universidade também.

 

Lince Empresas: E, quanto ao curso escolhido, as aulas estão dentro das suas expectativas? Acompanhar o inglês é tranquilo?

 

Rafael Zimmer: As aulas estão dentro das minhas expectativas sim. Eu esperava já um nível alto nos cursos, porque a universidade tem nome e é uma das melhores do mundo na minha área. Nós temos professores com bastante experiência e qualificados, de várias partes do mundo. Acompanhar o inglês é tranquilo sim, porque eu já havia me preparado para isso. Eu estudo o francês lá como idioma estrangeiro. O inglês é o idioma do dia a dia, que todos falam para se comunicar.

 

Lince Empresas: Em seus estudos, você se dedica exclusivamente ao curso de Relações Internacionais ou sobra tempo para algum outro estudo, uma vez que você tem forte veia autodidata?

 

Rafael Zimmer: Eu cheguei a estudar outros idiomas de forma autodidata lá, mas não tenho muito tempo para isso. Nós temos suporte para tudo que queremos fazer e dificilmente um estudante vai precisar fazer algo de forma autodidata, por não ter acesso a um acompanhamento profissional. Tenho projetos na universidade e estudo algumas coisas relacionadas também. Sou presidente e fundador do Clube dos Países da América Latina e do Caribe, cofundador do Clube de Estudos sobre Zonas de Paz e Conflito e membro da BRASA Qatar.



Lince Empresas: Os estudantes chegam a praticar algum exercício físico? Você teria como voltar a se dedicar também ao futebol no Catar?

 

Rafael Zimmer: Depende do que cada estudante gosta. Os que gostam de se exercitar têm várias opções dentro da cidade educacional. Dentro do prédio da universidade, temos uma academia 24h. Temos o centro do estudante, com duas academias, salas de jogos, quadras ao ar livre e fechadas de fustal, vôlei e basquete, e o centro recreacional, com piscina, quadras ao ar livre e academias. Dentro da cidade educacional, tem um campo de golfe e pistas de atletismo ao redor dos parques. Tem um estádio da Copa do Mundo (Qaatar Foundation Stadium), que fica dentro da cidade educacional e fica ao lado de quadras de esportes ao ar livre também. Tudo isso é grátis para os estudantes. Então, só não pratica algum exercício físico quem não quer. Eu jogo na sub-23 do Qatar SC. Os clubes lá treinam só à noite, por causa do calor. Como eu saio da universidade normalmente lá por 16h30 ou 17h, eu consigo ir para o clube treinar e voltar. Joguei alguns jogos pela universidade também, quando não havia nada pelo clube no mesmo dia.

 

Lince Empresas: Como você vê a vida das pessoas que vivem fora da universidade?

 

Rafael Zimmer: Têm pessoas do mundo todo lá. Mais de 80% da população no Catar é de fora. Por causa dessa diversidade, a população local ficou mais aberta a diferentes culturas. Então, ao contrário do que muita gente pensa, eles são bem abertos quanto às outras culturas, desde que respeitem a deles.

 

Lince Empresas: Quais suas impressões sobre Doha e o Catar, após quase um ano morando lá?

 

Rafael Zimmer: É um lugar muito mais aberto do que as pessoas pensam. O governo cuida muito bem de sua população e, apesar de algumas polêmicas envolvendo trabalhadores nas obras para a Copa do Mundo, eles cuidam bem dos estrangeiros também. No geral, as pessoas têm uma qualidade de vida muito boa e bem acima da média mundial.

 

 

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Redação: Mery Regina Griebler



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